A linha tĂȘnue entre o Customer e Product Experience

Esse blogpost foi postado originalmente aqui.

Se essa Ă© a primeira vez que vocĂȘ estĂĄ conhecendo nosso conteĂșdo, esclarecemos logo de inĂ­cio que este Ă© o terceiro artigo focando na aplicabilidade dos conceitos de UX, que complementam a nossa jornada a respeito de User Experience e Inovação.

Os anteriores sĂŁo:

Introdução

Ao longo dos nossos artigos, nos aprofundamos no entendimento sobre diversos aspectos da ExperiĂȘncia do UsuĂĄrio, partindo dos conceitos fundamentais – como persona e jornada – atĂ© as ferramentas de diagnĂłstico – como NPS – para identificação de oportunidades de melhoria. 

Dado isso, um dos principais insights é o fato dos conceitos e ferramentas associados ao UX representarem uma potencial fonte de vantagem competitiva para a empresa, oferecendo não apenas uma lente voltada para a inovação como também um conjunto de métodos para otimizar a proposta de valor da empresa.

Um dos maiores riscos organizacionais da atualidade, especialmente comum entre startups e empresas de tecnologia em geral, Ă© a distorção no comprometimento sobre o UX, onde presumem que o produto que desenvolvem e entregam representa a totalidade da experiĂȘncia que propiciam para seus usuĂĄrios.

Adotar como premissa que apenas os produtos, serviços e suas caracterĂ­sticas “inovadoras” diferenciam as marcas “boas” das demais que existem no mercado nĂŁo Ă© uma real garantia de sucesso para o cliente.

Isso porque a mesma subestima o alcance da relação de uma empresa da com seus usuĂĄrios e colaboradores, que Ă© muito mais ampla que as fronteiras do produto e suas funcionalidades, permeando cada pequeno detalhe e ponto de contato ao longo de suas jornadas.

Talvez vocĂȘ esteja se perguntando: Mas como desenvolver uma estratĂ©gia que gere resultados transformacionais em todos os nĂ­veis de uma empresa?

O segredo estĂĄ em criar uma experiĂȘncia de consumo que impactarĂĄ positivamente os consumidores da sua marca e os converterĂĄ em clientes fixos e promotores desse benefĂ­cio, com consistĂȘncia e efetividade em todos os pontos de contato.

Em essĂȘncia, os negĂłcios existem para resolver os problemas e alavancar a vida dos seus consumidores dentro de um ou mais aspectos da sua vida, ajudando-os a ir alĂ©m do que conseguiriam sozinhos.

Com isso, eles geram melhores resultados e menos insatisfação – ou seja, menos atritos em sua jornada – para chegar nesse “novo patamar”, assim como o diagrama acima resume de forma lĂșdica.

Por essa perspectiva, o produto se torna apenas uma parte, um componente, da jornada executada por um usuĂĄrio para resolver um problema e/ou satisfazer uma necessidade.

Como diz um ditado popular, “um cliente feliz conta a um amigo, um cliente insatisfeito conta ao mundo”.

Isso nos remete novamente ao tema central desse artigo, que Ă©: olhar para um determinado problema do mundo real com a Ăłtica da experiĂȘncia e do produto para criar uma SOLUÇÃO – consolidando produto, processos, sistemas, informaçÔes, polĂ­ticas internas, cultura e coordenação entre as diferentes ĂĄreas do negĂłcio – capaz de realmente fazer a diferença para a nossa persona.

ExperiĂȘncia de A a Z

experiĂȘncia do cliente Ă© o que a sua marca faz os usuĂĄrios sentirem ao longo das interaçÔes com seu produto/serviço, considerando que, no final do dia, aquilo que os clientes acreditam que sua marca Ă© tambĂ©m representa parte da experiĂȘncia vivenciada por eles.

Por isso, gerenciar com eficĂĄcia as percepçÔes do cliente Ă© um componente-chave do sucesso da marca e da empresa. Tudo o que vocĂȘ fizer, de uma forma ou de outra, influenciarĂĄ na leitura que clientes terĂŁo da sua marca, seus produtos/serviços.

É necessĂĄrio, portanto, projetar e implementar tudo cuidadosamente – desde sua mensagem, design de produto, vendas, serviço pĂłs-venda, processos operacionais internos, cultivo de liderança, e engenharia e produção de alta qualidade.

Se, de certa forma, o time de “produto” acaba focando bastante na construção e desenvolvimento da ferramenta e sistemas de apoio, o time de “experiĂȘncia” Ă© quem entra nos detalhes dos processos, polĂ­ticas e interface entre os diferentes times do negĂłcio ao longo da jornada do usuĂĄrio.

Customer Experience e Product Experience / Management são assim duas faces da mesma moeda, uma vez que ambos são focados em identificar “jobs to be done” que ainda não foram satisfeitos, entendendo a jornada atual e projetando uma nova e otimizada jornada.

Esta nova jornada deve contemplar, portanto, todos os pontos de fricção da experiĂȘncia do consumidor, minimizando os pontos de dor e maximizar os pontos de satisfação.

Um trabalho integrado entre os times de ExperiĂȘncia e Produto Ă© condição fundamental para o sucesso e crescimento de um negĂłcio.

Leia mais: O que Ă© Customer Experience Management?

User Experieï»żnce

Quando Don Norman, usou inicialmente o termo User Experience ao analisar o processo de compra de computadores da Apple em 93/97 ele refletia sobre todo o processo inicial e final da compra, incluindo colocar a caixa de computador no carro e montĂĄ-lo em casa.

Portanto, Ă© bom ressaltar que esse termo Ă© muito utilizado para pensar na navegação de sites e aplicativos, mas vai alĂ©m dessa microexperiĂȘncia e representa um conceito maior e mais amplo do que o produto e a sua experiĂȘncia de uso.

Isso porque contempla questĂ”es como marketing, a comunicação com o mercado, a parte de atendimento no caso de dĂșvidas, processo de cobrança correto e seguro entre outras etapas no percurso da jornada.

User Experience Ă© o estudo que contempla o conjunto de elementos capazes de determinar (e projetar) a qualidade das interaçÔes de um usuĂĄrio com determinado produto ou serviço — seja ele de natureza tecnolĂłgica ou nĂŁo.

Para a construção de experiĂȘncias relevantes utilizamos o triĂąngulo de ferro do Ux que sĂŁo o Job to be Done, as personas e a jornada do usuĂĄrio. 

Em passos, fica assim:

  • Identifique qual Ă© a solução de problema que o seu pĂșblico precisa (job to be done)
  • Conheça realmente as pessoas que serĂŁo consumidoras em potencial (persona);
  • Entenda como serĂĄ a jornada vivenciando a experiĂȘncia de conhecer e consumir o seu produto ou serviço (jornada do usuĂĄrio).

Se vocĂȘ tem um negĂłcio de comida saudĂĄvel, por exemplo, vocĂȘ precisa saber qual inovação e impacto esse negĂłcio agregarĂĄ aos seus clientes e quem eles sĂŁo muito alĂ©m do pensamento de pĂșblico-alvo e se aprofundando na persona.

SerĂĄ que propor ideias de receitas no site, um serviço de entrega de frutas e verduras frescas ou marmitas congeladas funcionarĂĄ para a sua persona? E se funcionar, como serĂĄ o acesso dela a esses serviços? A resposta faz parte de uma anĂĄlise dos diagnĂłsticos. 

Aos olhos do UX, Ă© fundamental olhar empaticamente para as pessoas e solucionar essas perguntas. 

O entendimento dessa solução precisa realmente ir alĂ©m, com um olhar sobre as necessidades que eles mesmos nĂŁo conseguiriam identificar ou verbalizar, pois sua empresa estĂĄ focada em conhecer bem a persona e projetar uma jornada para esse usuĂĄrio que criarĂĄ uma experiĂȘncia de real valor.

Customer Experience

Apesar do Customer Experience (CX) utilizar a palavra “consumidor” ao invĂ©s de “usuĂĄrio” (como em UX), ambos estĂŁo altamente relacionados e interseccionados entre si, visto que, quando estamos focados em criar experiĂȘncias vĂĄlidas, tambĂ©m estamos focados em pessoas, independente da compra de um produto ou nĂŁo. 

Customer Experience Ă© a experiĂȘncia completa vivenciada pelo cliente de uma marca e suas interaçÔes com determinado serviço/produto, contemplando desde o momento da compra atĂ© o momento de utilização. 

AlĂ©m da tecnologia, o time de CX olha para os processos e os detalhes da experiĂȘncia, atuando em conjunto com outros times para provocar mudanças e entregar micro-momentos.

Pense em uma empresa como a Polishop, que investe na tecnologia e aperfeiçoamento de seus produtos agregando sofisticação e qualidade excepcional, mas ao construir um time de vendas em suas lojas não investe no treinamento dos vendedores.

As mĂĄs-interaçÔes entre os vendedores e os clientes levarĂŁo a uma percepção de que a empresa nĂŁo se preocupa com seus negĂłcios e isso refletirĂĄ em uma queda no nĂșmero de vendas.

Essa Ă© uma falha possĂ­vel na jornada, mas todas as interaçÔes do cliente precisam fazer sentido ao ponto dele compreender facilmente o diferencial do produto do marketing ao pĂłs venda. 

De nada adianta um produto excepcional fornecido por uma empresa que nĂŁo Ă© capaz de sustentar e corresponder na mesma medida com a elevada performance da sua mercadoria.

E tambĂ©m, da mesma forma, de nada adianta uma experiĂȘncia incrĂ­vel com a marca e que nĂŁo se traduz nos ganhos e na performance prometida e esperada do produto. Isso mostra o quanto o CX e o UX estĂŁo interligados na satisfação do cliente.

Product Experience

Ao pensar na relação do usuårio com o produto e no desempenho que o mesmo terå para atender as necessidades do cliente, vimos que nos mantemos alinhados com o pensamento do User Experience.

O elemento comum, a sinergia entre as funçÔes, decorre da necessidade dessas equipes em estabelecer uma agenda compartilhada de trabalho, facilitando a priorização dos recursos, comunicação e alinhamento do dia a dia para a execução dos planos de ação.

Com base nesse entendimento, Ă© importante notar a tĂȘnue linha que divide as funçÔes ligadas Ă   Customer Experience e Product Experience, explorando semelhanças e diferenças. 

Ambas as funçÔes tĂȘm como base para o seu trabalho o “triĂąngulo do UX” (persona, jobs e jornadas), entretanto, o MODO como cada função utiliza as informaçÔes varia juntamente com o foco de cada um.

A experiĂȘncia de produto entra no detalhe de funcionalidades, navegação e utilização do produto direta e aprofundadamente, ou seja, a experiĂȘncia do produto Ă© um elemento.

Product Experience Ă© a experiĂȘncia inicial e prolongada de um usuĂĄrio com um produto, ou seja, a partir do momento que o produto foi adquirido e estĂĄ nas mĂŁos do cliente.

A usabilidade de um produto estå diretamente relacionada ao quão intuitivo é o uso ou implementação deste mesmo produto na vida do cliente.

Ficou confuso, te deu dĂșvida e tornou aquele produto “difĂ­cil de usar”? Isso Ă© um sinal evidente de uma Product Experience com algum ponto de atenção.

Consegue pensar nos produtos e serviços que vocĂȘ deixa de usar porque eles nĂŁo tem uma usabilidade tĂŁo fĂĄcil?

Existem vĂĄrios exemplos no mercado, como um liquidificador que nĂŁo Ă© fĂĄcil de limpar, um app para exercĂ­cios que nĂŁo se conecta com a sua rotina, entre outros.

Assim como essas opçÔes complicadas, também existem produtos pensados para facilitar as interaçÔes do consumidor com o produto e com uma linguagem clara sobre o seu uso.

A inovação de um produto nĂŁo estĂĄ relacionada Ă  uma funcionalidade interessante, mas sim Ă  criação de uma experiĂȘncia intuitiva e acessĂ­vel, independente de qual seja a solução encontrada para a melhoria dessa experiĂȘncia interativa com o produto.

Leia mais: PLG – Product Led Growth: o que Ă©, como surgiu e para que serve?

Customer Successï»ż

Hoje, os consumidores tĂȘm mais opçÔes do que nunca. Eles tambĂ©m desfrutam de mais variedade e escolha em termos de onde comprar coisas.

Nesse ambiente de baixos custos de troca, ampla disponibilidade de substitutos e a importùncia da prova social e da percepção da marca, construir uma solução simples, porém integrada, contribuirå para que seu negócio prospere, fidelize seus atuais clientes e conquiste novos.

Afinal, vocĂȘ deve incluir sua proposta de valor fundamental em tudo o que oferece, e a qualidade do seu serviço tambĂ©m Ă© importante.

A missão implícita desse esforço é tornar a jornada da minha persona na satisfação e cumprimento dos seus jobs to be done sem atrito, com foco obstinado para levar alegria, excitação e lembranças memoråveis aos clientes.

Customer Success Ă©, em tradução literal, a satisfação do cliente. Pensar em CS Ă© focar em impactos e resultados positivos na experiĂȘncia do cliente.

Exatamente por isso, Ă© preciso envolver ambos os times para primeiro, definir e avaliar o mercado para o produto e as necessidades especĂ­ficas que ele atenderĂĄ.

Afinal, o mundo estĂĄ em constante mutação e novas soluçÔes devem surgir para ressignificar e inovar nossas vivĂȘncias. Afinal, tal qual o ying e o yang, estamos falando de partes complementares, duas faces da mesma moeda.

Para complementar o seu aprendizado, recomendamos esta leitura. 

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